Programa de Voluntários do Jurisdrama
Primeira parte: integração e formação
do grupo de voluntários.
:: O que é ser um Voluntário do Jurisdrama?
A filosofia do nosso grupo é: “Eu não quero ter
a história mais bonita que a de ninguém. Apenas gostaria
que as pessoas tivessem uma história bonita para contar”.
Ser um voluntário é trabalhar com sentimento e, por
isso, não posso ensinar ninguém a se tornar um. É
impossível ensinar pessoas a terem sentimentos, pois esses não
são resultado de um ensinamento teórico, mas brotam em
nós até mesmo contra nossa própria vontade. Essa
é a magia que envolve o nosso trabalho. Por analogia, pode-se
ter como exemplo um diretor e um ator de teatro que tentam montar um
texto, um monólogo, para ser mais exato. Em nenhum momento o
diretor vai conseguir colocar emoção na representação
do ator. É o ator que deve buscar dentro do texto suas nuances,
pesquisar, se apaixonar pelo personagem que está fazendo. Se
ele não fizer isso, se não tiver paixão pelo personagem
que vai representar, ele nunca conseguirá chegar à emoção
que o personagem necessita para ser representado. O máximo que
o diretor pode fazer é orientar este ator para atingir o sentimento
desejado. Com esse exemplo é possível, então, mostrar
por que não posso tornar alguém, a partir de um ensinamento
teórico, um voluntário. Posso dizer que, nesse trabalho,
a única coisa que pode ser feita por mim é orientar os
voluntários para que, através de suas experiências,
possam compreender, por si próprios, a essência desse pensamento
guia de nossas atividades.
:: Objetivo
Todo voluntário tem por objetivo levar alegria e paz para aqueles
que sofrem. Mas há que fazer isso de coração, com
o intuito verdadeiro de levar o bem, sem, necessariamente, receber algo
em troca. Fazer isso pelo simples motivo de, assim, se sentir feliz,
realizado. Esse é o retorno que buscamos. Nada mais. É
comum hoje em dia que as pessoas só se interessam em fazer algo
para o próximo com base em uma segunda intenção.
Talvez seja esse o maior problema que humanidade tenha que superar:
a falta de carinho para com o próximo. Quando se faz de coração,
o trabalho muitas vezes se torna muito mais gratificante para nós.
No nosso trabalho não existe egoísmo, inveja e desavença.
Por isso, tornar-se um voluntário deste programa é pertencer
a uma família grande e harmoniosa. É impossível
levar alegria e paz a quem precisa se dentro da nossa casa não
contribuirmos para a promoção da alegria e da paz. Assim,
no próprio âmbito de nossa família, toda vez em
que um membro estiver precisando de ajuda devemos prestar-lhe solidariedade.
Se não formos solidários com nossos mais próximos
familiares, não seremos com mais ninguém.
Segunda Parte: O projeto possui três áreas de atuação:
Hospitais, Favelas e Presídios. O voluntário optará
por uma destas.
1. Hospitais
:: O que podemos fazer?
Há algum tempo que a medicina, em várias áreas,
se rendeu à terapia do riso. O maior expoente no mundo desta
atividade é o médico norte-americano Patch Adams. Através
dele, vários grupos foram criados e a figura do Palhaço
adquiriu um novo status: o de doutor da alma. O riso torna-se um remédio
poderoso no tratamento de enfermidades graves, como por exemplo, o câncer
em crianças. É dentro desta perspectiva que pretendemos
criar um grupo preparado para atuar em hospitais e auxiliar na reabilitação
das pessoas.
:: Objetivos
- Proporcionar ao enfermo condição para recuperação
psicológica sobre todos os males causados pela patologia.
- Atender a família do enfermo que nesses momentos precisa de
auxílio.
2. Favelas: Criação do Centro de Cultura e Cidadania
:: O que seria este Centro?
Trata-se de um espaço capaz de abrigar a criação,
a difusão e a preservação de todas as possibilidades
artísticas e culturais. Mais do que isso: propomos o desenvolvimento
de um projeto capaz de levar a todas as comunidades carentes, a plenitude
do conceito de cidadania oferecendo, por outro lado, uma gama de opções
de manifestação no campo das artes, da cultura e do lazer/entretenimento.
Buscaremos desenvolver essa proposta com a criação de
oficinas que possam abrigar objetos artísticos e/ou culturais,
não só de formação profissionalizante, mas
também, e principalmente, o desenvolvimento da expressão
da consciência comunitária.
:: Objetivos
- Intervenção na realidade da comunidade no sentido de
promover, dentro de cada individuo, a valorização de todas
as potencialidades da expressão da consciência da cidadania.
- Promover tal ação transformadora no campo da cultura,
e, especialmente, no campo das artes através de oficinas desenvolvidas
a partir da vontade e do altruísmo das pessoas que participarão
da primeira etapa do projeto.
- Buscar superar os subprodutos da sociedade global em que vivemos
como: o indivíduo egoísta, a falta do hábito da
leitura, o colonialismo cultural, o desprezo pelas manifestações
artísticas que não as da indústria cultural, o
hábito de manter os conceitos moldados por veículos de
informação de massa.
3. Presídios
:: Por que atuar lá?
Nossa Universidade necessita reforçar sua missão social.
As populações que vivem no interior de um presídio
não possuem laços de sangue conosco, muito do que praticamos
e desenvolvemos praticamente as exclui. Em vez de propormos o aumento,
cada vez mais acirrado, de medidas de segurança em nosso Campus
Universitário, acreditamos ser importante criar atividades que
atinjam estas pessoas que a muito foram esquecidas por alguns de nós.
Estes vínculos é que devemos recuperar e que ressaltam
a importância do presente Projeto que leva o nome da Universidade
para uma gama de indivíduos privados de cidadania. O Humanismo
das idéias aqui propostas significa um resgate, um retorno à
própria origem do que hoje chamamos Universidade e a seu importante
papel de pioneirismo no desempenho das transformações
sociais que tanto almejamos.
:: Objetivo
- Desenvolver nos detentos a reflexão interdisciplinar sobre
temas jurídicos, sociais e econômicos, gerando conscientização
e defesa dos direitos individuais e coletivos.
- Levar ao apenado uma gama de atividades que possam contribuir para
sua reinclusão social e o resgate de sua cidadania.
Fabio Samu
Supervisor Geral
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